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Entenda inquérito contra Eduardo Bolsonaro no STF após governo Trump admitir sanção a Moraes

Deputado licenciado passou a ser investigado por pedir punições a ministros da corte, membros da PGR e da PF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes acatou pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e abriu nesta segunda-feira (26) inquérito sobre a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, onde ele mora há cerca de dois meses.

A PGR afirma que o filho 03 de Jair Bolsonaro (PL) tem trabalhado, junto a empresários, congressistas americanos e integrantes da Casa Branca para sancionar membros da Suprema Corte brasileira, especialmente Moraes, além de autoridades da Polícia Federal e da própria Procuradoria.

Para o órgão, Eduardo pode estar cometendo os crimes de coação, embaraço à investigação de infração penal e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. A petição ocorreu cinco dias após o secretário de Estado americano dizer analisar uma punição internacional a Moraes.

Entenda o inquérito contra Eduardo Bolsonaro por sua atuação nos EUA:

Eduardo Bolsonaro fora do Brasil

Eduardo anunciou em março que deixaria o Brasil e se mudou para os EUA, licenciando-se do mandato de deputado federal. Ele afirmou estar sendo perseguido e temer ser preso por determinação de Moraes, apesar de não correr nenhuma ação neste sentido.

Em terras americanas, ele fez um giro em Washington para reforçar à Casa Branca e seus aliados os pedidos de sanção a Moraes, como noticiou a Folha. Eduardo teve reuniões na sede do Executivo americano, no Departamento de Estado e com um aliado próximo de Donald Trump.

Sanções a ministros do STF

Eduardo e outros bolsonaristas tem buscado autoridades do governo Trump visando uma sanção a membros do Supremo, incluindo Moraes, relator da ação penal da trama golpista de 2022, que tem como réus Jair Bolsonaro e militares de alta patente.

Uma das opções seria impedir a entrada de Moraes nos Estados Unidos. A outra é, além de revogar o visto do ministro, aplicar sanções financeiras que signifiquem o fechamento de contas eventualmente abertas em nome do magistrado no país.

Na última quarta-feira (21), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes que analisa possível punição a Moraes. Foi a primeira vez que um representante da Casa Branca citou publicamente a hipótese de penalidade ao membro da corte brasileira.

O que argumenta a PGR

A PGR afirma que a atuação de Eduardo tem “o intuito de impedir, com a ameaça, o funcionamento pleno dos Poderes do mais alto tribunal do Poder Judiciário, da Polícia Federal e da cúpula do Ministério Público Federal, atentando contra a normalidade do Estado democrático de Direito”.

O órgão reiterou que a permanência do deputado no exterior serve, essencialmente, para promover a implementação de sanções, transmitindo notícias como instrumento intimidador das autoridades americanas.

Para fundamentar o pedido, a Procuradoria listou uma série de frases e entrevistas de Eduardo citando Moraes como um dos alvos das sanções. O ministro é relator da trama golpista de 2022 e também acompanhará a investigação contra o congressista.

Segundo as regras de impedimento e suspeição, o magistrado pode ser declarado suspeito em processos de amigos íntimos ou inimigos ou se tiver interesse no julgamento.

Próximos passos

A partir de agora, todo o conteúdo publicado por Eduardo nas redes sociais que tenham relação com a atuação por sanções a autoridades brasileiras será monitorado e preservado pela PF. Moraes determinou a coleta de depoimento de Jair Bolsonaro em até dez dias, por supostamente ser o beneficiado pelas condutas do filho.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) também prestará depoimento em até dez dias para fornecer mais informações sobre o caso —ele pediu à PGR a abertura de inquérito sobre o assunto na última quinta-feira (22).

Por fim, como Eduardo Bolsonaro está no exterior, os esclarecimentos do congressista licenciado podem ser tomados por escrito.

Ministério das Relações Exteriores indicará autoridades diplomáticas americanas que possam prestar esclarecimentos sobre Eduardo e sua conduta nos EUA. Não há prazo estabelecido para o fim da investigação.

O que diz Eduardo

Eduardo reagiu ao pedido de abertura de inquérito e afirmou que os processos judiciais no Brasil viraram “meio de achaque” e que isso reforçaria a tendência de sanção a Moraes pelos Estados Unidos.

“Eles estão confirmando tudo aquilo que a gente sempre falou, de que o Brasil é um estado de exceção, que depende do cliente, dos fatos políticos. Eles vão tomar as ações judiciais, que não tem nada mais baseado em lei”, disse.

O deputado licenciado também desafiou o presidente Lula (PT), afirmando que ele pode decidir ampliar o embate com o governo americano caso as sanções se confirmem.

folha de São Paulo