Presidente fez crítica indireta a Tarcísio por ausência do governador no anúncio de investimentos em periferias
A nova etapa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançada por Lula (PT) em Osasco (SP) nesta sexta-feira (25), teve como foco regiões em que o partido perdeu força eleitoral nos últimos anos.
O evento, realizado no bairro Jardim Rochdale, área marcada por alta vulnerabilidade social, reuniu aliados com pretensões de disputar as eleições em 2026, mas foi esvaziado por prefeitos oposicionistas que receberão os investimentos.
Além de deputados federais e estaduais das bancadas paulistas de PT e PSOL, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), cotado para disputar o governo estadual com apoio petista, ocupou a primeira fila do palco. A bancada estadual do PT já avalizou a aliança, mas o PSOL ainda não se posicionou.
Dos R$ 4,7 bilhões anunciados por Lula, R$ 2,5 bilhões irão para municípios paulistas —em especial para cidades que compunham o chamado “cinturão vermelho”, formado por antigas zonas industriais da Grande São Paulo com forte presença sindical e histórico de votação maciça no PT, como Caieiras, Embu das Artes, São Bernardo do Campo e a periferia da capital.
O governo federal nega viés eleitoral na destinação dos recursos. Segundo o Ministério das Cidades, os projetos apresentados por esses municípios foram os que tinham melhores condições de execução. “Os recursos são liberados mediante a seleção de propostas apresentadas pelos entes públicos e habilitadas pelo governo federal”, afirmou a pasta, em nota.
As obras previstas para as periferias da região metropolitana têm foco na estruturação urbana e envolvem ações de infraestrutura, prevenção de riscos, habitação, meio ambiente, regularização fundiária, desenvolvimento socioeconômico e acesso a serviços e equipamentos públicos.
Apesar do volume de recursos e do convite oficial, os prefeitos das cidades contempladas —todos de partidos da centro-direita— optaram por não comparecer ao evento. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), também ausente, passou a semana no interior do estado após ser criticado por sua resposta oscilante ao tarifaço imposto ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos. Sua reação inicial à sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump, há duas semanas, foi culpar Lula.
Durante o evento desta sexta, o presidente fez uma crítica indireta a Tarcísio: “Quando a gente vai a uma cidade, a gente convida o prefeito para vir. Eu convido o governador para participar de todos os eventos que eu faço. Eu nunca me importei de saber de que partido é o prefeito ou governador. Eu estou aqui numa missão simplesmente institucional”.
A única exceção entre os prefeitos foi Gerson Pessoa (Podemos), de Osasco. Reeleito em outubro com 75,28% dos votos —e 79,75% no bairro onde o evento ocorreu—, ele foi vaiado pela plateia majoritariamente petista. O deputado estadual Emídio de Souza (PT), que tenta consolidar seu nome para disputar a prefeitura em 2028, obteve apenas 12,91% dos votos no local.
folha de são Paulo