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Soraya Thronicke sobre o bolsonarismo: ‘Não apoio ninguém que seja candidato da seita’

Eleita senadora em 2018 no Mato Grosso do Sul, no PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu como presidente, Soraya Thronicke hoje rejeita o bolsonarismo, afirmando ser de centro-direita.

“Eu não considero o Bolsonaro de direita, nem de extrema direita”, disse a senadora, atualmente no Podemos, em entrevista à BBC Brasil. Pra as eleições presidenciais de 2026, ela já se adianta: “Eu não apoio ninguém que seja candidato da seita”, aponta, se referindo a qualquer candidato indicado ou apoiado pelo ex-presidente. “Jamais. Não apoio, porque eu vi, eu conheci de dentro dos bastidores, de dentro da cozinha. Eu conheci o discurso e conheci a prática.”

Questionada se foi enganada pelo bolsonarismo, a parlamentar afirma ter “se deixado enganar”. “Ele [Jair Bolsonaro] me enganou porque eu permiti. Sim, eu fui enganada, mas eu também permiti, porque a arrogância das pessoas, o ego nosso, a gente tem que cuidar disso, cuidar da questão do ego”, defende.

“Quando eu vi que o discurso não batia com a prática, aquilo começou a me preocupar. Já na reforma da Previdência, eles disseram que nós iríamos entregar uma solução para a Previdência, veio a reforma, veio a fama de ter sido reformista, de ter feito uma reforma, mas nós não temos a solução, e a conta vai chegar”, afirmou.

Gabinete do ódio

Segundo a senadora, uma das questões que causaram o rompimento foi o “não escutar a opinião”.

“Outro problema foi nos incitar contra o STF [Supremo Tribunal Federal]. Todos eles provocaram em nós o que continuam provocando em muita gente”, disse ainda Thronicke.

A parlamentar também afirmou que a tropa digital bolsonarista passou a tê-la como alvo. “Eu fui vítima do gabinete do ódio. Eu já era antes de romper eles. Eles são kamikazes. Por isso que eu chamo de seita. Na seita você tem que seguir o líder e não pensar. Numa seita você não pode dar opinião. Numa seita, você tem que idolatrar a liderança. Você não pensa e você entra numa situação em que você permite ser machucado, maltratado, ter perdas familiares, perdas significativas na tua vida, a perda da sua liberdade – esse pessoal do oito [de janeiro de 2023], está todo mundo preso – e continuar idolatrando a cegueira.”

Ela também falou sobre a gestão do atual presidente. “No meu score, dá 98% de votação junto com o governo Lula, porque a maioria dos projetos são projetos que tem um consenso, são projetos bons para o Brasil. E algumas questões realmente são muito sensíveis, e aí você tem que tomar uma atitude”, pontuou.