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Paralisação do governo dos EUA afeta negociações com o Brasil em meio ao tarifaço

A paralisação do governo dos Estados Unidos, conhecida como shutdown, já é a mais longa desde 2019 e tem gerado impactos diretos nas relações comerciais com o Brasil. O bloqueio orçamentário afetou o funcionamento de agências americanas responsáveis por negociações tarifárias, o que preocupa autoridades brasileiras em meio ao aumento de 50% nas tarifas de importação sobre produtos nacionais.

Especialistas em comércio exterior explicam que a suspensão parcial das atividades de órgãos como o Departamento de Comércio e o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) dificulta o avanço de diálogos bilaterais. Sem esses canais ativos, as tratativas sobre o tarifaço e possíveis revisões ficam paralisadas.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que, em outubro, as exportações brasileiras para os EUA caíram 37,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Analistas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio atribuem a queda ao ambiente econômico mais fechado e protecionista nos Estados Unidos.

O shutdown ocorre quando o Congresso americano não aprova o orçamento federal, resultando na interrupção de serviços públicos não essenciais. Isso inclui agências reguladoras e órgãos que tratam de comércio internacional, o que atrasa reuniões, análises e decisões cruciais para os dois países.

A instabilidade política interna nos EUA também reduz o foco do governo americano em negociações externas. Enquanto isso, o Brasil busca alternativas, como ampliar parcerias com a União Europeia e países asiáticos, além de cobrar mais previsibilidade nas regras comerciais dos EUA assim que o governo retomar suas funções.

Durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou medidas unilaterais que afetam a soberania brasileira. Na ocasião, encontrou-se brevemente com o presidente Donald Trump, que avaliou o encontro como positivo.

Posteriormente, Lula e Trump realizaram uma videoconferência de 30 minutos, na qual o brasileiro pediu a suspensão das tarifas impostas. Eles trocaram contatos diretos e, no fim de outubro, se reuniram pessoalmente na Malásia, durante a cúpula da ASEAN, para discutir comércio e sanções. Novas conversas estão previstas, mas ainda não foram agendadas.