BRASÍLIA – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou nesta quarta-feira, 20, que ele e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), têm sido pressionados a escolher um lado na disputa política, mas que ele tem o direito de discordar tanto da direita como da esquerda.
“A todo instante, o presidente Hugo e eu estamos sendo convocados ou até mesmo ameaçados a escolher um lado. Ou temos que nos posicionar a favor do governo ou contra o governo. Concordo com muita coisa da agenda, mas discordo de outras tantas”, declarou durante evento de divulgação do livro do ex-ministro e ex-senador Edison Lobão.
Alcolumbre disse ser necessário acabar com o clima de “guerra eleitoral” presente no Congresso e que exercerá seu direito de poder discordar dos dois lados.
“Me permita não concordar sempre com aqueles que pensam de esquerda em uma agenda ou outra. Me permita obter a oportunidade de, como cidadão, não concordar com aqueles de direita, que pensam muitas das vezes em uma agenda ou outra. Me permita obter o direito de pensar”, falou.
Numa indireta à direita, porém, Alcolumbre afirmou ter havido um momento “delicadíssimo” em que os trabalhos do Congresso foram interrompidos, referindo-se à ocupação das Mesas da Câmara e do Senado pela oposição.
“Vivemos um momento, na volta do recesso, delicadíssimo da história da nação brasileira, da democracia. Tivemos interrompidos os trabalhos legislativos por horas, por aqueles que pensam diferente de alguns ou diferente de outros”.
Alcolumbre disse ainda que sente falta quando o Congresso discutia agendas, criticou a continuação do que chamou “guerra eleitoral” e voltou a defender o diálogo e a pacificação política.
“Precisamos, urgentemente, exercer o diálogo, a cooperação, a pacificação, com equilíbrio, com serenidade, respeitando as prerrogativas constitucionais de cada poder, para que possamos vislumbrar um futuro”.
O presidente do Senado encorajou o presidente da Câmara, a ficar “firme” diante das pressões e ataques sofridos.
“Presidente Hugo Motta, fique firme. Você é presidente da Câmara dos Deputados, teve 444 votos. Estou presidente do Senado, tive 73 votos. Fique firme, de cabeça erguida com a autoridade dada por Deus e pelo Parlamento. Porque estamos vivendo numa condição muito relevante, de atores importantes desse processo, no momento mais delicado da história da humanidade”, declarou durante evento de divulgação do livro do ex-ministro e ex-senador Edison Lobão.
Alcolumbre mencionou o tarifaço com os Estados Unidos para exemplificar a falta de diálogo. “Olha o que nós estamos vivendo hoje, nessa relação diplomática internacional com a maior democracia do mundo, numa relação de 200 anos, onde ataques e ofensas de todos os lados estão sendo feitos pelas redes sociais”, falou.
Alcolumbre afirmou ainda receber ataques por sua religião – ele é judeu – e citou o Holocausto.
“Minha secretária me disse que, a todo instante, estou sendo agredido na minha religião, nas redes sociais. Na última vez que isso começou, mataram mais de seis milhões de pessoas.”
