O governo brasileiro classificou de “inverdades” e “grosserias inaceitáveis” as acusações feitas pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e cobrou a apuração sobre o ataque contra um hospital em Gaza, na segunda-feira.
“Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”, respondeu o Itamaraty em uma postagem nas redes sociais.
O ataque dos israelenses ao hospital Nasser matou 20 pessoas, incluindo médicos e jornalistas que cobriam um primeiro ataque. Entre eles, Hussam al-Masri, um cinegrafista da Reuters que cobria ao vivo o local.
Em um post nesta segunda, Katz chamou Lula de antissemita pelo fato de o governo brasileiro ter decidido sair da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, uma organização criada em 1998 para combater o antissemitismo, a que o Brasil aderira como observador em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro.
A alegação foi de que a adesão havia sido feita de forma apressada e sem análise adequada das obrigações legais e financeiras que o país teria que observar. A decisão pela retirada da aliança foi há cerca de um mês.
No post, Katz acrescenta uma caricatura do presidente brasileiro como um fantoche do líder supremo do Irã, Ali Khamenei.
“Israel encontra-se sob investigação da Corte Internacional de Justiça por plausível violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”, diz a postagem brasileira. “Como ministro da Defesa, o senhor Katz não pode se eximir de sua responsabilidade, cabendo-lhe assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos.”
A relação diplomática entre Brasil e Israel está estremecida há mais de um ano, desde que Lula classificou os ataques israelenses a Gaza de genocídio. Em maio do ano passado, o governo brasileiro retirou o embaixador do país em Tel Aviv, depois que Katz, então ministro das Relações Exteriores, convocou o embaixador Frederico Meyer à chancelaria e anunciou, falando em hebraico e sem tradução, que Lula seria persona non grata em Israel.
Desde então, a relação entre os dois países está em nível de encarregado de negócios.
O governo de Israel mandou em janeiro a indicação Gali Dagan para assumir a embaixada, depois que o diplomata anterior se aposentou. No entanto, depois que o Brasil não respondeu até este mês, a indicação foi retirada, e a relação deve ser mantida em segundo escalão.
O Brasil nunca enviou um substituto para o embaixador em Tel Aviv.