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Em editorial, Estadão avalia que “não cabe ao STF regular redes”

Para jornal, Suprema Corte vem invadindo competências do Legislativo

Em seu segundo editorial crítico ao Supremo Tribunal Federal (STF) em apenas uma semana, o jornal O Estado de S. Paulo defendeu que “não cabe” à Corte “regular as redes sociais”. No texto publicado nesta terça-feira (9), o periódico reprovou a decisão do ministro Dias Toffoli de liberar o julgamento da constitucionalidade do art. 19 do Marco Civil da Internet logo após a Câmara adiar a votação do PL das Fake News. Para o jornal, a determinação invade a competência do Legislativo de decidir sobre o tema.

– Seria uma espécie de ameaça: se o Congresso não assegurar uma maior responsabilidade das plataformas, o STF fará pela via judicial essa responsabilização, declarando inconstitucional o art. 19. Seja qual for a disposição do ministro Dias Toffoli com a liberação para julgamento da ação (…), o fato é que o histórico recente do STF suscita preocupação. Cabe, portanto, adverti-lo sobre os limites de suas competências dentro de um Estado Democrático de Direito. Não é papel do Supremo invocar inconstitucionalidade como forma de pressionar o Legislativo – pontuou o editorial.

Na sequência, o Estadão defendeu a necessidade de o Congresso aprovar um marco jurídico adequado às redes sociais, pois essas possuem “efeitos sobre a vida social, política e econômica do país”. Entretanto, o periódico destaca que cabe somente ao Legislativo, composto por parlamentares eleitos pelo voto popular, decidir quando e como promover a regulação.

– O Congresso também se manifesta politicamente por meio de seus adiamentos e de suas não decisões. Não cabe ao Judiciário definir os tempos do Legislativo, já que essa definição é parte essencial da própria política. O silêncio do Congresso é uma opção política perfeitamente legítima – defendeu o jornal.

EDITORIAL ANTERIOR
Na última quarta-feira (3), o periódico fez críticas à Corte também por interferência no Legislativo, entretanto, do ponto de vista econômico. No texto, o Estadão diz que a Corte parece perdida na compreensão de seu papel constitucional.

Como exemplo, cita “o recebimento de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) manifestamente ineptas, como a que questiona a Lei das Estatais”. Também menciona a que discute a “constitucionalidade da aplicação da Taxa Referencial (TR) na correção dos saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)”.

– No momento em que o STF toma para si esse tipo de decisão, a Corte passa, na prática, a gerir uma série de questões que não lhe competem, reduzindo a responsabilidade do Congresso sobre temas centrais da vida nacional. Basta ver que, nos dias de hoje, boa parte da equação fiscal, a afetar inúmeras políticas públicas, depende não dos parlamentares eleitos, mas das escolhas que serão feitas pelos ministros do Supremo – assinalou.