Veículos publicaram editoriais com críticas ao petista
O jornal Folha de S.Paulo foi outro veículo a publicar um editorial com críticas ao presidente Lula (PT) pela declaração do petista que comparou a resposta de Israel ao ataque do Hamas com o massacre de judeus promovido por Hitler. Ao comentar o caso, o jornal chamou a fala do chefe do Executivo de “demonstração de plena ignorância sobre a história dos conflitos da humanidade”.
No texto, publicado nesta segunda-feira (19), a Folha afirmou que a banalização de temas como genocídio e o Holocausto “não deveria fazer parte do repertório de um chefe de Estado” e questionou a diferença entre as “leviandade das assertivas” de Lula sobre Israel e a cautela do petista diante da morte de Alexei Navalny, notório opositor do regime russo de Vladimir Putin.
– Não se viu vestígio de questionamento à degradação da democracia sob Vladimir Putin, seu colega de Brics, como se todo o caso se resumisse a uma investigação de legistas sobre o que se passou nos momentos finais do morto – indagou a Folha no editorial intitulado Desvarios de Lula.
Ainda de acordo com o veículo, “os arroubos retóricos de Lula têm o efeito de inflamar tanto seguidores quanto opositores mais extremados, fomentando uma polarização que lhe convém”. No entanto, para o jornal, o preço da postura do petista é a “credibilidade da política do Itamaraty”.
– O Brasil, afinal, cria uma turbulência diplomática e coloca em xeque sua tradicional equidistância sem uma estratégia que pareça clara —ou mesmo uma argumentação calcada nos fatos – finalizou o veículo.
ESTADÃO FALOU EM “VANDALISMO DIPLOMÁTICO”
Em um tom parecido, o jornal O Estado de São Paulo, em editorial publicado nesta terça (20), disse que Lula “não precisou de mais do que um punhado de frases carregadas de ranço ideológico e antissemitismo para fazer do último domingo um dia infame na história da diplomacia brasileira”.
– Ao dizer que a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas se assemelha ao Holocausto, Lula, a um só tempo, vandalizou a História, a memória das vítimas da indústria da morte nazista e os interesses do Brasil. Nem os mais ferozes inimigos de Israel ousaram ir tão longe nas críticas à campanha militar conduzida pelos israelenses na Faixa de Gaza – resumiu o Estadão.
No editorial, o jornal levantou duas hipóteses para a fala do petista: ignorância ou má-fé. No entanto, o veículo de imprensa logo disse que a primeira possibilidade é remota e sustentou que a má-fé seria a explicação mais plausível para a declaração feita pelo chefe do Executivo brasileiro, no último domingo, na Etiópia.
– A hipótese da má-fé é a mais plausível, sobretudo porque, é forçoso dizer, Lula mal escondeu que tinha lado nesse conflito ao relutar, por semanas, em reconhecer o ataque do Hamas como o ato de terrorismo que foi, além de subscrever a frágil acusação de “genocídio” contra Israel apresentada à Corte Internacional de Justiça pela África do Sul – relatou o jornal.
O Estadão disse ainda que Lula é “fiel ao discurso esquerdista raivoso contra o Ocidente” e que “sempre dá um jeito de deslegitimar Israel”. O veículo também fez questão de ressaltar o papel danoso que a fala do petista imprime pelo fato de ele ser o atual presidente e as declarações serem consideradas, por quem ouve, como sendo do Estado brasileiro.
– Assim, até prova em contrário, Lula alinhou o Brasil ao Hamas – que, não por acaso, elogiou a fala do presidente brasileiro – destacou o editorial.
O jornal encerrou o texto com a lembrança de que o Hamas “lançou um ataque covarde e particularmente cruel contra civis israelenses, que incluiu tortura, estupros e o sequestro de bebês”, e instando Lula a se retratar. No entanto, segundo o próprio veículo, a possibilidade de uma retratação é difícil e “será surpreendente” se acontecer.