Parlamentar afirma que a COP-30 não deve ocultar dificuldades enfrentadas por famílias e produtores amazônidas.
O deputado federal Fausto Jr. (União-AM) usou a tribuna da Câmara para alertar, em sua visão, sobre risco de a COP-30 se tornar um “palco de hipocrisia”, ao ignorar a realidade enfrentada por milhares de produtores rurais e famílias que vivem na Amazônia.
“Será que durante a COP-30 serão mostradas as agressões que o Ibama comete contra produtores rurais no estado do Amazonas?”, questionou.
Ao criticar a atuação do órgão ambiental, Fausto Jr. disse que Brasil é o único país do mundo onde o próprio órgão ambiental comete crimes ambientais.
Desse modo, o deputado denunciou ações do Ibama em municípios do interior do Amazonas, como Humaitá. Nesses locais, segundo ele, casas e propriedades rurais foram destruídas com o uso de explosivos sob alegação de garimpo ilegal.
“Casas de famílias são explodidas com uso de explosivos, algo que só se vê em zonas de guerra”, discursou.
O deputado destacou ainda as dificuldades enfrentadas por produtores para obter licenças ambientais e regularização fundiária, o que, segundo ele, torna quase impossível trabalhar legalmente em áreas federais da Amazônia.
“Não podemos condenar essas pessoas a passarem fome. Não estamos falando de traficantes de drogas, mas de famílias que vivem da agricultura familiar e são tratadas como criminosas”, disse.
Política ambiental punitiva
Fausto Jr. afirmou que o governo federal, ao adotar uma política ambiental punitiva e distante da realidade amazônica, contribui para o aumento do desmatamento e da pobreza na região.
“O desmatamento aumentou, assim como o número de pessoas que passam fome para sustentar um ambientalismo que agride quem produz de forma honesta no Amazonas e em toda a Amazônia”, ressaltou.
Demora na BR-319
O parlamentar também criticou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) pela demora nas obras de reconstrução da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho e é considerada essencial para a integração da Amazônia ao restante do país.
“Órgãos como o Dnit, em vez de buscar a licença para reconstruir a BR-319, preferem pedir licença para enxugar o gelo e empurrar o barro, que é o que acontece hoje no chamado ‘trecho do meio’, afirmou.
Resultado da COP-30
Fausto Jr. encerrou seu pronunciamento pedindo que a COP-30 mostre ao mundo a verdadeira realidade amazônica:
“Já que a COP-30 será realizada na Amazônia, espero que os países estrangeiros vejam a realidade sofrida do nosso povo, que sustenta uma floresta de pé à base da fome e da falta de assistência justamente desses países que desmataram as suas e agora cobram que o Brasil preserve a nossa”.
O deputado concluiu reforçando o apelo por coerência e respeito à população da região:
“Não podemos aceitar que a COP-30 seja uma vitrine de uma falsa sustentabilidade que se apoia sobre o sofrimento do nosso povo. Preocupam-se com as árvores, mas desprezam os seres humanos que vivem nelas”.
bnc amazonas