O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ameaçou usar o silêncio do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo durante depoimento nesta quinta-feira, 9, como pretexto para convocar o vice-presidente do Sindnapi José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Frei Chico.
“Seu silêncio aqui pode trazer esse cidadão para ser ouvido aqui. O senhor é quem vai destrinchar qual a posição dele no Sindnapi. Está na mão do senhor a vinda do irmão do irmão do presidente da República para depor nesta CPI”, disse Gaspar.
Ele foi então interrompido por governistas, que o acusaram de ameaça. O líder do governo na CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) comparou a postura com o que se fazia na ditadura militar.
Milton Cavalo tem o direito ao silêncio garantido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. Ele permaneceu calado.
Após ser interrompido, Gaspar prosseguiu a fazer perguntas para Milton. “O irmão do presidente da República abre a porta de ministérios para o senhor no Sindnapi?”, questionou Gaspar. Milton Cavalo permaneceu sem responder ao questionamento do relator.
Uma eventual convocação de Frei Chico poderia ferir um acordo feito entre os membros da CPI. Até então, o acordo entre os integrantes da CPI do INSS é o de não convocar para prestar depoimento as camadas inferiores do comando dos sindicatos e associações investigadas, a menos que haja um fato concreto que justifique a convocação.
A defesa de Milton afirmou que ele estava disposto a falar, mas passou a não ter “condição psicológica” para prestar depoimento depois de operação de busca e apreensão da Polícia Federal contra o Sindnapi nesta quinta.
“Diferentemente de outros, Milton veio hoje de manhã preparado com um caderno de respostas para poder responder a toda e qualquer pergunta. Ocorre que ele foi alvo às 6h30 da nova fase da Operação Sem Desconto. Ele estava aqui, já presente. Como não tinha ninguém, sua casa foi arrombada. Ele não tem condição psicológica para falar”, disse o advogado Bruno Borragine.
Milton decidiu fazer uma breve exposição, atestando a inocência. Ele disse também ter sido orientado por seus advogados a manter o silêncio.
“Eu só queria me apresentar e dizer para os senhores que a minha instituição, estou na presidência há quase dois anos, está sempre comprometida com a verdade. Foi lá que começou e denunciamos esse tipo de prática de fraudes do INSS“, afirmou. ”Com o que aconteceu hoje não me sinto não confortável para poder estar respondendo a perguntas dos senhores e senhoras.”
Na sequência, passou a responder que permaneceria em silêncio a cada pergunta do relator, o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).