A nova rede beneficiará aproximadamente 22% da população urbana do município, alcançando 2,4 mil imóveis
O sistema de esgotamento sanitário que será implantado em Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus), como parte das obras do Programa de Saneamento Integrado (Prosai), do Governo do Amazonas, terá capacidade para atender aproximadamente 15 mil pessoas. A informação é do secretário da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), Marcellus Campêlo.
De acordo com o secretário, o novo sistema beneficiará cerca de 22% da população urbana do município, alcançando 2,4 mil imóveis da área de intervenção do programa. As obras do novo sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto estão em andamento desde o último dia 16 de setembro, quando o governador Wilson Lima assinou a ordem de serviço.
Marcellus Campêlo explica que as etapas envolvidas no sistema de esgotamento sanitário serão subdivididas em quatro fases principais: coleta, afastamento, tratamento e disposição final do efluente tratado. “A coleta envolve as ligações nas residências e a rede nas ruas. O afastamento se refere ao transporte do esgoto até a estação de tratamento. E a disposição final é o lançamento do efluente tratado no rio Amazonas, através de um emissário subfluvial”, detalha.
A coleta será feita por meio de ligações domiciliares, onde o morador será responsável por conectar sua residência à rede. “Para as famílias mais vulneráveis, o programa custeará essa interligação”, ressaltou o secretário.
Quanto ao tratamento do esgoto, o Prosai Parintins utilizará tecnologia por meio de um sistema chamado Rafa (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente). “É um método consagrado para o tratamento de esgoto doméstico, que não exala odores, não causa proliferação de insetos e gera pouco resíduo, minimizando os transtornos para a população ao redor”, destaca.
O efluente tratado será lançado no rio Amazonas através de um emissário subfluvial. Esse equipamento garantirá que o efluente já tratado, sem patógenos e com carga orgânica adequada, seja despejado no rio sem causar danos ambientais ou influenciar a navegabilidade.
As obras do Prosai Parintins estão iniciando pelo sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto, para solucionar, definitivamente, o problema da qualidade da água da cidade, que será 100% tratada, e elevar para até 25% a cobertura de rede de esgoto.
Atualmente, 45% do esgoto de Parintins está sem nenhum tipo de tratamento, 31% são lançados diretamente nos corpos hídricos e 14% são despejados a céu aberto. Os outros 55% vão para fossas sépticas que podem estar promovendo a contaminação do solo e da água dos poços, além de outros sistemas como filtros, ETEs compactas etc. Mas não há uma rede pública de coleta e tratamento. “Vamos conectar essas residências que possuem fossas na rede de esgoto que o Prosai vai construir. Ou seja, sair do zero em coleta e tratamento de esgoto para até 22%”, observa Marcellus Campêlo.
Quanto aos impactos para a saúde pública, Marcellus Campêlo disse que o novo sistema de tratamento será um divisor de águas em Parintins. “Ele ajudará a reduzir doenças causadas por água contaminada, como diarreias, dengue, verminoses e doenças de pele, que hoje afetam principalmente as crianças”, afirmou.
O secretário da UGPE prevê melhorias para as residências que não possuem banheiros, ressaltando que o programa também contempla a implantação de módulos sanitários completos, garantindo infraestrutura básica com vaso sanitário, chuveiro e outras instalações necessárias.
Participação popular
Marcellus destaca que a população de Parintins participa ativamente das discussões e do acompanhamento das obras do Prosai. Desde que o programa foi anunciado pelo governador Wilson Lima, em maio de 2022, prossegue ele, um amplo debate se estabeleceu na cidade envolvendo vários segmentos.
“Fizemos uma consulta pública com ampla participação popular; audiência na Câmara dos Vereadores; apresentamos o projeto aos órgãos da Prefeitura, à Igreja, aos comerciantes, feirantes; conversamos com a classe artística, com a imprensa de Parintins, com a comunidade acadêmica, Ministério Público e Defensoria Pública”, enumerou.
A UGPE também tem um canal de comunicação direta com os beneficiários do programa, que é o Grupo de Apoio Local (GAL), com o qual mantém reuniões e contatos por WhatsApp, para tirar dúvidas e informar sobre todos os passos do programa. “Nossas equipes sociais vêm mensalmente à cidade, fazer reuniões com as famílias beneficiadas. As consultas à população trouxeram contribuições significativas ao projeto original, inclusive na parte do esgoto e em relação à quantidade de reassentamento e ao reflorestamento”, concluiu.
FOTOS: Tiago Corrêa/UGPE