Grupo teria vindo do Amazonas para praticar os crimes em MS; outras duas foram presas em fevereiro deste ano
Equipe da Derf (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos) prendeu nesta terça-feira (18) quatro travestis integrantes de quadrilha especializada em roubos. O grupo teria vindo do Amazonas, passou por treinamento em Santa Catarina e praticava o crime nas ruas de Campo Grande.
Conforme divulgado pela Polícia Civil, a prisão foi resultado de operação deflagrada pela delegacia especializada. O grupo abordava pessoas, clientes ou não, pelas ruas da Capital e as obrigava a fornecer cartões de bancos para que pudessem realizar transferências bancárias e compras.
A investigação começou após uma vítima, que não teve o nome divulgado, procurar a polícia e registrar boletim de ocorrência. Conforme o relato, ela teria sido abordada por um grupo de travestis que entrou em seu veículo e fez ameaças, exigindo seus cartões de crédito. Os criminosos então realizaram diversas transações em maquininhas, assim como compras e transferências para determinadas contas bancárias.
O caso então foi encaminhado à Derf. Em diligências iniciais, os investigadores da especializada constataram diversos outros boletins de ocorrência com relatos semelhantes ao da vítima. O grupo, em tese, abordava as pessoas na rua com violência e ameaças e então efetuavam o roubo dos cartões.
Foi constatado ainda que as transferências bancárias eram feitas para o CNPJ de um lava a jato, que seria de uma pessoa de 24 anos que usava nome masculino, mas se apresentava nas redes sociais com nome social feminino. Sendo então a primeira travesti identificada pela polícia.
Durante as investigações, um novo boletim de ocorrência foi registrado e a vítima relatou que foi ameaçada e abordada por três travestis, que roubaram seu cartão bancário e fizeram as transferências, que não deram certo. O grupo então roubou o celular, uma aliança, uma pulseira e mais R$ 250 do rapaz. As suspeitas foram então identificadas.
Os policiais foram ao endereço no Bairro Aero Rancho, onde as quatro suspeitas moravam. As suspeitas, que não tiveram os nomes divulgados, foram presas. Sendo uma de 24 anos, uma de 22 e duas de 27 anos. Com elas, foram apreendidas nove maquininhas de cartão, assim como objetos que teriam sido roubados pelas autoras.
Na delegacia, as quatro presas confessaram os crimes e disseram que passaram por treinamento com outra travesti em Santa Catarina. Ela teria ensinado o modo de agir e ainda que deveriam recusar o pagamento dos programas em dinheiro, pois isso atrapalharia a prática dos furtos.
As travestis afirmaram ainda que teriam praticado o crime em outros estados do país. A dona do lava a jato contou que criou a pessoa jurídica justamente para receber o dinheiro dos roubos e que o tudo começava com um programa com o cliente e no momento do pagamento era feito o pedido do cartão de crédito, mediante ameaças.
Ainda conforme a Polícia Civil, a maioria das investigadas são soropositivo e realizavam alguns programas sem uso de preservativo e podem ser responsabilizadas criminalmente por isso. Assim, pedem que as possíveis vítimas do grupo procurem a Derf. A maioria dos roubos ocorreu na Vila Progresso.
A operação é desdobramento de outra ação realizada em fevereiro deste ano, em que três travestis foram identificadas e duas presas. Com isso, ao todo, foram presas seis suspeitas, todas do Amazonas. A polícia agora continua com as investigações para identificar outros envolvidos e vítimas.